quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A relatividade moral na política

Não é de hoje que o país passa por uma avalanche de denuncismos no meio político, mas este ano recebemos diversas notícias de corrupção envolvendo vários partidos, inclusive adversários, em que milhões (senão bilhões) de reais foram desviados. O questionamento é: o que vale e o que não vale fazer alarde?

Há um tempo eu ouvi o episódio 418 do podcast Café Brasil, em que o Luciano Pires fala sobre o pensamento filosófico criado por Immanuel Kant denominado “imperativo categórico”, em que o cita assim: “Aja apenas segundo a máxima que você gostaria de ver transformada em lei universal”. Ou seja, devemos agir baseados em princípios que queremos que sejam aplicados a todos, sem distinção.

Já não é de hoje que tenho procurado agir baseado neste princípio, tentando ser justo e coerente com os outros em relação aos meus princípios. Claro que irei falhar muitas vezes, pois nos deixamos levar por nossas paixões e interesses em diversos momentos o que torna nosso pensamento tendencioso ainda que involuntariamente, razão pela qual temos dificuldades de reconhecer os méritos dos clubes de futebol rivais aos nossos (se bem que é fato de que o Vasco nunca será maior que meu Flamengo), ou aceitar que determinado músico é melhor que o nosso ídolo (Eric Clapton é o maior e não aceito discussão).

Em relação à política eu busco assumir uma postura coerente (ainda que saiba das minhas limitações como coloquei acima), já que antes da divergência partidária existem algumas coisas que para mim são essenciais e independem do partido, e uma delas é a corrupção. Entendo que cobrar o Partido dos Trabalhadores e seus membros pelos inúmeros casos de corrupção noticiados diariamente é muito importante para aqueles que buscam (ou pelo menos sonham) com a limpeza moral que se faz necessária no país, mas isso não significa que devemos fechar os olhos ou diminuir a cobrança para os seus adversários. É fato que o PT hoje é o alvo da vez, em que todas as atenções e cobranças são direcionadas ao partido, mas não é possível fazer de conta que TODA corrupção do país nasceu com ele ou que os demais não ajam da mesma forma. 

Durante a campanha eleitoral deste ano eu fiz algumas críticas ao PSDB e a Aécio Neves e uma pessoa veio defender o candidato tucano basicamente com dois argumentos: a corrupção no PT é maior e ao falar mal deste partido ou de Aécio eu estaria dando munição ao inimigo. Sobre estes pontos valem alguns comentários:

- o fato da corrupção no PT ser maior (ou não) não significa que devo fechar os olhos para os demais, sejam eles os adversários diretos, aliados, etc.. Não acredito que possamos ser condescendentes com eventual pequena corrupção, ou por interesses diretos. 

- essa história de “dar munição ao inimigo” deixa transparecer uma relativização moral, em que para os inimigos se aplica os rigores da lei, para os demais eu posso deixar passar se me for interessante. 

Eu não pretendo assumir nenhuma das posturas acima, pelo contrário, qualquer um que estiver envolvido com corrupção deve ser investigado e punido se o fato for comprovado. Quando falamos de casos de corrupção não é possível aceitar o “tudo bem se me convém”.

Não interessa se todos os partidos políticos e todos os políticos (ou pelo menos a maioria dos agentes políticos) sejam corruptos, isso não quer dizer que devemos aceitar que qualquer um seja livrado de críticas ou punições apenas porque seus adversários são iguais. Todos devem ser punidos. TODOS!!! Não importa se é PT, PMDB, PSDB, DEM, ou qualquer outra sigla, TODOS devem ser alvo de investigação, julgamento e punição se for o caso.

Hoje o alvo da vez é o bloco governista (PT, PMDB e PP de forma especial), mas não podemos esquecer que os demais partidos também devem estar sujeitos às mesmas penalidades. NO ENTANTO, isso não invalida as críticas direcionadas de forma específica ao PT e sua turma comprada.

Infelizmente tenho visto pessoas silenciarem diante de fatos comprovados (ex.: esquema gigantesco de corrupção na Petrobrás envolvendo o governo petista OU esquema de corrupção no metrô de São Paulo durante o governo tucano) e fazerem um grande alarde em acusações sem provas (ex.: Aécio é viciado em drogas ou bate na esposa OU a ex-amante de Dilma cobra pensão ou a filha de Dilma é dona de 20 empresas).

Os que agem assim assumem um relativismo moral nocivo à sociedade, agindo com grande hipocrisia por cobrar apenas um lado pela corrupção e não falar nada sobre o outro lado.

Se queremos um país correto e justo, devemos também ser corretos e justos. Vejo pessoas que reclamam tanto que o judiciário não é cego como deveria por não aplica a justiça sem ver a quem, mas estas mesmas pessoas também agem como “caolhos” ao condenar e ser omisso (ou absolver) outro tão culpado quanto o primeiro.

Será que é pedir (ou esperar) demais que os governistas ou críticos do PSDB se manifestassem contra os casos de corrupção do governo do PT? Ou ainda, que os críticos ao governo petista também se manifestassem sobre os casos de corrupção dos partidos da oposição? Ah, claro, e que estas manifestações fossem com a mesma intensidade com que fazem com seus alvos regulares.
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Fica autorizada a reprodução integral deste post, desde que citada a fonte conforme texto a seguir:
BRANDALISE, André Luiz de Oliveira, A relatividade moral na política, publicado em 17/12/14 no site “André Brandalise” - http://www.alobrandalise.com/2014/12/relatividade-moral-politica.html

4 comentários:

  1. Antes concordava com as criticas a certos padress,mas mudei de ideia totalmente pq acredito que isso não leva a muita coisa.As fabetes não se tornarão melhores catolicas se falarmos dos erros de seu ídolo,mas apenas vão ficar chateadas com os "tradicionalistas" ou o que é pior,sairão da Igreja por ressentirem-se disso.Assim como criticar o papa faz muitos catolicos se escandalizarem e foi esse escandalo que me fez mudar de ideia,também as fabetes tem seus idolos ,elas não vão a Igreja buscando a Deus,mas seu idolo favorito .Aliás,digo mais ,a maior parte das pessoas procura Jesus por auto-interesse e se apegam muito mais no inicio a alguem qu a Deus ou a sua doutrina.Criticando asertivamente e diretamente o idolo delas,quebramos o unico vinculo que elas tem com a Igreja Catolica.Penso que se é pra criticar,melhor fazer uma critica a condutas,sem mencionar pessoas,pois caso não,os mais fracos logo se revoltarão e se começará desentendimentos que ameaçam perder almas.Deixem os fracos com o catolicismo liberal que eles podem suportar,com o tempo vamos oferecendo o verdadeiro catolicismo aí les vão se aprimorando.Criticar a hierarquia só causa escandalo,dor,não produz nenhum bom fruto

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  2. Évanny Guedes Belarmino26 de janeiro de 2015 às 16:34

    Brilhante Tolkien! Quem diria que de uma conversa amigável, Lewis se reconcilia com sua fé, e se torna uma grande influência no cristianismo moderno. "Bilbo" mostrando mais uma vez sua capacidade de influenciar em grandes acontecimentos rsrs

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  3. Marcia Peixoto Pagliaro8 de fevereiro de 2018 às 00:35

    Boa noite. Estava procurando o significado de Católico jujuba. Entendi o que você explicou. Me considero uma CatoliCa tradicional já que procuro seguir os mandamentos da Igreja, busco conhecer a história da Igreja, seus documentos, significado do Creio, Salve Rainha, cada parte da Santa Missa, enfim! Participar da Santa Missa, confessar sempre, etc... De repente, algual critica a RCC e ao comentar, sou acusada de protestante de temperamento satânico! ???? Ninguém tem o direito de me julgar por não gostar da RCC! Eu sou menos CatoliCa por isso? Voces se dão ao direito de me julgar por isso? Não entendi. Gostaria que me explicasse se possível. Obrigada.

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