quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A conversão de um jovem


Recentemente estava conversando com o amigo Jorge Ferraz, do blog Deus lo Vult, de que muitas vezes publicamos em nossos blogs e não temos a noção da influência do que escrevemos. Na imensa maioria das vezes não temos um retorno porque os leitores não costumam comentar, mas eventualmente grandes surpresas nos aparecem.
 
Um jovem chamado Lucas Freitas me procurou no facebook estes dias precisando de uma ajuda e logo em seguida me contou algo que me foi uma grande surpresa, e ao mesmo tempo uma grande alegria. Uns dias depois me enviou o texto abaixo e me perguntou se eu podia publica-lo aqui no blog, o que faço com muito gosto ... e peço que rezem por mim.


TESTEMUNHO
Lucas Freitas

Fui por 17 anos evangélico de uma grande denominação, mas foi apenas com 13 anos quando me “batizei” que me engajei na igreja que frequentava. Entrei no grupo de jovens, no coral da igreja e na orquestra de sopro. Adorava de uma certa forma a receptividade de meus colegas de congregação, de poder ser lembrado por alguém.

No entanto, 3 dias antes do meu aniversário de 16 anos, um pastor veio de outra igreja para pregar e colocou um ponto de interrogação: “Irmãos, será que as igrejas atuais são verdadeiramente as mesmas da igreja primitiva?”. Fiquei com essa pergunta em minha cabeça e então comecei a pesquisar sobre o assunto, e sabe Deus como, parei em Martinho Lutero. Quando li um livro chamado “Heróis da Fé” de Orlando Boyer, vi que Martinho Lutero havia sido um “mártir” da igreja e que a Igreja Católica era a “Bruxa má” da história, com sua Inquisição que matou 20 milhões de cristãos (lógico que isso era puro marketing dos protestantes na verdade a inquisição não matou ninguém). Enfim, comecei uma paixão cega a esse Lutero, de tal maneira que ignorei os escritos que falavam contra ele e suas ideias heréticas. No entanto tudo mudou no dia 11 de fevereiro de 2013.

Sem dúvida a renúncia do papa emérito Bento XVI chocou o mundo, e de uma certa forma, eu estava naquele grupo do “Ele renunciou? Tá, e eu com isso? ...”, mas não segui o exemplo do grupo que pertencia e comecei a pesquisar sobre a história da Igreja Católica, e eis que nessas andanças pela internet, encontrei o blog do André Brandalise e comecei a ler vários artigos, bem como do padre Paulo Ricardo e também do grupo do facebook Escolástica da Depressão, que por incrível que pareça de início não sabia que o grupo era católico, mas de várias pessoas que debatiam religião, mas enfim.

Comecei a conhecer o que era realmente a Igreja Católica. Sabe como eu via a Igreja? Via como um bando de pessoas que iam para queimar incenso e adorar imagens imóveis e que acreditavam que eles eram deuses (verdadeiramente, nunca havia entrado e mais estranhamente, quem fala essas coisas da Santa Igreja, nunca pisaram dentro de uma). Mas vi que é uma Igreja que tem tradições ininterruptas a mais de 2000 anos, que mesmo passando pelas maiores tribulações se mantém firme, com uma sucessão desde o Apóstolo São Pedro, que recebeu do próprio Cristo, a chefia da Santa Igreja.

Eu ainda, nessa época estava adquirindo experiência, queria ter certeza que estava certo de minhas conclusões, e os exemplos em minha volta não me ajudavam. Nessa época meus pais haviam se separado, minha mãe havia ido morar em outro estado e eu perguntava “Deus, será que estou no caminho errado?”. No dia seguinte de ter ficado nessa incógnita, fui consultar uma professora de escola dominical que havia ficado 30 anos na Igreja Presbiteriana. Quando a questionei se a Sola Scriptura teria algum baseamento bíblico ela me interrompeu com a pergunta: ”Está questionando um dos pontos principais de nossa fé?” Eis que fiz algo que não costumava fazer, ficar gago. Retomei a pergunta e ela me respondeu: “Isso não precisa estar escrito na bíblia, é uma tradição que vem dos tempos da Reforma Protestante”, e saí de lá com mais dúvidas que entrei. Como as tradições apostólicas da Igreja Católica não podem ser aceitas, mas a tradição ditada por um homem que se rebelou contra a própria ordem, pode ser? 

E eis que o ano de 2014 começava com novidades na minha casa: minha irmã havia decidido ingressar na Igreja Católica. Como queria ter tido a coragem que ela teve! Parte do processo de conversão partiu de meu pai, que é um daqueles católicos desligados (pelo menos foi o que minha catequista notou rs) e a outra parte de meus estudos “loucos” sobre a Santa Igreja.

O dia que ganhei um pontapé nos fundilhos, foi em 09 de novembro de 2014, segundo dia de provas do ENEM, mas antes de ir ao exame acompanhei um dos momentos mais sublimes de minha vida: ver minha irmã receber os três sacramentos. Havia relutado em ir a cerimônia, com a desculpa que teria que fazer o exame a tarde, mas de última hora decidi ir. Não me arrependo da escolha que fiz. Acompanhar o batismo foi sublime, mas sublime foi o pároco que a cada momento da celebração explicava o significado dos sacramentos que seriam impostos: Batismo, Eucaristia e Crisma. Acompanhei a celebração com os olhos fixados no altar. Resumindo ao final da celebração fui até à sacristia e falei com padre Antônio, onde contei toda minha vida a ele e confessei que nunca tinha visto uma celebração tão sincera como aquela e que a partir daquele momento queria me tornar católico, e ele me disse algo que até hoje não sai de minha cabeça, “Ser um católico meia boca todo mundo consegue ser, mas um bom católico tem que seguir uma boa caminhada, mas não espere mar de rosas, você vai enfrentar muitas tempestades.

Ele nunca esteve tão certo. Perdi pessoas que um dia me chamaram de “amigo”, pessoas que passei 17 anos de minha vida ao lado e que apenas ao pronunciar as palavras “Me converti ao catolicismo” deram as costas e me trataram como um desconhecido. Mas como dizem, “Quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela”. Ganhei muitas pessoas que estão me auxiliando em minha caminhada, e principalmente uma Mãe, que acolhe a todos com amor.

Acho que a frase de G. K. Chesterton resume toda minha conversão: “Uma coisa morta pode seguir a correnteza, mas somente uma coisa viva pode contrariá-la”. Atualmente estou terminando meu catecumenato e em novembro estarei recebendo os três sacramentos, e já em seguida irei fazer discernimento sacerdotal. Deus queira que esse sentimento que pulsa em mim seja mais do que verdadeiro.

Para finalizar meu testemunho deixo um recado aos jovens católicos, muitas das vezes temos amigos protestantes “virtuais”, ou presenciais, e muitas das vezes não conversamos com eles. Digo que o que faltava para mim ter me convertido antes era simplesmente a falta de um amigo católico. Então converse com seu amigo, não deixe que outra pessoa tenha a oportunidade de falar com ele. Portanto deixo a frase de São João Paulo II: “Os jovens estão chamados a serem os protagonistas dos novos tempos. Tenho plena confiança neles e estou certo de que têm a vontade de não defraudar nem a Deus, nem à Igreja, nem à sociedade da que provêm.” 

Queria agradecer ao André Brandalise que mantém dois blogs (Projeções de Fé e André Brandalise) que ele continue em seu bom caminho fazendo com que mais jovens se convertam apenas por meio de seus textos. Ao padre Paulo Ricardo pela sua cruzada em nome da Verdade. E aos meus amigos da Escolástica da Depressão que me ajudaram na caminhada ate aqui. Espero que meu simples testemunho de fé de mais coragem para vocês prosseguirem em seu Caminho.
 
Que Cristo e nossa Mãe a Virgem Maria nos proteja. Amém.
 

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