quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Os 2 últimos Papas e eu


A renúncia do Papa Bento XVI criou muita discussão sobre ele, sobre os papas, sobre a Igreja, entre tantas outras situações, e isso me fez pensar sobre a minha relação com este Papa e seu antecessor.

Primeiro devo dizer que via a Igreja Católica com péssimos olhos e achava a figura do Papa algo desnecessário, um babaca que ficava ditando regras inúteis e se metendo na vida dos outros. Isso ocorreu porque não cresci em um lar católico, o que acabou me distanciando da fé católica.

Isso somente mudou após eu ter uma experiência pessoal com Deus, algo tão grande e forte que me exigiu mudanças.

C.S. Lewis
Tenho dito que a adoção de uma religião é algo muito pessoal, e diante de tantas opções que aparecem, escolher uma deve significar adesão total. C.S. Lewis disse que "se você está à procura de um religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o cristianismo", e eu acrescentaria que evitasse em especial o catolicismo. Não se trata de um religião para quem busca ser aceito, pois alguns de seus preceitos são contrários ao que parte da sociedade atual defende. Mas para quem decide ser católico, o referencial de firmeza na fé é o Papa.

Fui estudar sobre a Igreja Católica, seus dogmas e preceitos. Com isso pude aprender a importância da figura do Papa e o que ele representa para a Igreja, e assim a minha relação com o Papa João Paulo II mudou em 180º.

Acabei me apaixonando por aquele homem que lutou bravamente para seguir firme ao seu chamado vocacional, que com seu exemplo de vida religiosa lutou contra o nazismo e o comunismo na Polônia, e posteriormente no mundo. Mesmo que algumas vezes as pessoas vissem apenas um homem simpático e inovador que com o tempo passou a se tornar um homem doente e curvado, eu ouvia as suas palavras e a firmeza de seu discurso. Para mim o Papa passou a ser um referencial da fé católica e acabei me tornando parte da geração João Paulo II, amando o Papa e acolhendo as suas palavras.

Ainda que muita gente evite falar (ou reconhecer), mas o discurso do Papa João Paulo II era firme e coerente com os dogmas e preceitos da Igreja Católica. Em momento algum inovou em termos de fé, sendo que a novidade que trouxe foi apenas em termos pastorais ao sair do Vaticano e ir de encontro com o mundo. Não se rendeu a este, mas foi buscar seu rebanho espalhado pelo planeta.

Quando o Papa João Paulo II faleceu eu fiquei triste. Morria aquele a quem aprendi a amar, a quem eu desejei amar, e que verdadeiramente amei e ainda amo. Morreu o homem que foi um grande referencial de vivência da fé, que com sua voz me auxiliava em meus passos, que com sua firmeza me inspirava a querer ser firme. Morreu o Papa, o meu pai espiritual, e me senti órfão.

Quando o Cardeal Joseph Ratzinger foi eleito Papa, confesso que não vi com bons olhos. Eu tinha uma impressão ruim daquele que era chamado por alguns como o cão de guarda do Vaticano, até porque o alemão não tinha nada de simpático (ainda mais se comparado ao Papa João Paulo II).

Mas o Papa é o Papa, e aos poucos fui conhecendo melhor o homem que passou a exercer a função de Sumo Pontífice. Vi que suas palavras eram iguais às de João Paulo II. Vi que sua firmeza na fé era tão grande quanto a do seu antecessor. Ouvi a sua voz a me guiar como fazia o Papa anterior. Já não era mais um órfão, pois a figura do pai espiritual retornou.

Com o tempo passei a amar o Papa Bento XVI, e vibrava toda vez que ele bravamente defendia os preceitos da fé católica. Isso era um prova de que a opção pessoal de aderir à Igreja Católica me levava a caminhos algumas vezes incompreendidos por muitos, e se um senhor de mais de 80 anos não tinha medo de gritar (se necessário) para reafirmar e lutar pelos dogmas e preceitos católicos, não poderia eu fugir do combate.

Esta é uma das várias características da figura do Papa: orientar e servir de exemplo para os seus filhos espirituais. Se alguém não concorda com a fé católica, não a siga. Mas se desejas tornar-se católico, primeiro deve voltar seu olhar ao Papa. E Bento XVI foi muito mais do que um farol a guiar o caminho em meio a uma imensa tempestade que passa o mundo, ele foi a prova de que é possível ser católico e defender a sua fé mesmo que muitos te critiquem e lutem contra.

Passei a amar o Papa Bento XVI, passei a amar o Cardeal Joseph Ratzinger, passei a amar o alemão que não era simpático como seu antecessor. Hoje sou muito grato ao homem que assumiu o encargo de guiar o imenso rebanho católico, que lutou pela sua crença e incentivou tantos outros a fazerem o mesmo.

Entendo que uma religião não deve moldar seus preceitos de acordo com as mudanças da sociedade, pois ela deve ser um referencial seguro diante das tempestades. Não deve ela ser como a água que se molda a cada recipiente em que é jogada, mas sim ter preceitos firmes como rocha. Por isso, não pode a Igreja Católica mudar seus dogmas e preceitos porque a sociedade atual acha que estão ultrapassados, mas deve a Igreja ser firme em defender e lutar pelo que acredita.

A renúncia do Papa Bento XVI traz novamente o sentimento de orfandade, pois o homem que aprendi a amar vai deixar o cargo, mas em momento algum estou triste porque ficarei sem o farol. Logo será eleito outro homem para assumir a função e dificilmente será uma inovador em termos de fé. A Igreja Católica não é movida pelo que pensa ou acha o Papa, mas sim por seus dogmas e preceitos.

A figura do Papa é quem vai comandar este caminho. É ele quem vai definir a forma da luta, como um tambor que marca o ritmo das remadas de uma galé. Nesse aspecto os Papas João Paulo II e Bento XVI foram perfeitos em suas funções.

Hoje só posso agradecer aos Cardeais Karol Woytila e Joseph Raztinger, que deixaram de lado seus achismos para se tornarem verdadeiros Papas. Em especial agradeço ao Papa Bento XVI pelo seu maravilhoso testemunho, por sua luta, suas palavras e orações.

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Fica autorizada a reprodução integral deste post, desde que citada a fonte conforme texto a seguir:
BRANDALISE, André Luiz de Oliveira, Os 2 últimos Papa e eu, publicado em 28/02/13 no blog “André Brandalise” - http://alobrandalise.blogspot.com/2013/02/os-2-ultimos-papas-e-eu.html

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