Muitos sabem que eu tenho uma certa preferência por livros de fantasia como O Senhor dos Anéis (JRR Tolkien), As Crônicas de Nárnia (CS Lewis), As Crônicas de Gelo e Fogo (George RR Martin), as obras de Bernard Cornwell (embora aqui sejam mais romances históricos do que fantasia), entre outros, mas hoje tenho prazer de indicar uma bela obra de uma escritora nacional e muito talentosa: Os Recados (autora: Gabriela Brandalise).
Claro que qualquer pessoa um pouquinho esperta logo vai notar que o sobrenome da autora é o mesmo que o meu, e já vai dizer que é jabá familiar. Então deixo claro que o que escreverei a seguir não tem nenhuma influência de sangue ou sobrenome, mas irá refletir o que eu penso a respeito da obra.
Vamos iniciar com a sinopse do livro:
Os irmãos Zac e Daniel Coleman juraram que jamais retornariam a Peoria, sua cidade natal, onde sofreram durante a infância e a adolescência com as tragédias de sua família, causadas pela mãe louca e violenta. Na vida nova em Nova York, como profissionais bem sucedidos, achavam que conseguiriam suprimir quem foram no passado. Mas a decisão de esquecer o que ficou para trás começa a perder força quando a irmã mais nova, Samantha, resolve visitá-los e traz junto com ela as vozes que os assombraram durante tantos anos. Ao mesmo tempo, frases colocadas na vitrine da loja em frente ao prédio onde eles moram parecem falar com Daniel e expor as verdades mais escondidas sobre ele. Por conta de uma doença na família, os dois então se vêem obrigados a voltar e a confrontar a dor que se esforçaram tanto para enterrar.
 |
| Djane (minha esposa), Gaby e eu no lançamento do livro |
Quando soube que a minha prima (sim, a Gaby é minha parente) estava lançando um livro, logo pensei que envolveria a sua profissão de jornalista, mas me enganei. Como a sinopse indica, é uma obra que fala de pessoas normais, com seus problemas, complexos, alegrias e descobertas. Cada personagem tem uma personalidade muito palpável e distinta, e desde o início já passamos a nos importar com eles.
Para quem está acostumado com o ritmo descritivo e detalhista (algumas vezes cansativo) de Tolkien, e afeito a espadas, dragões, varinhas e etc., deveria ler este livro para ter uma experiência um pouco diferente de leitura, pois esta obra não traz estes elementos. É um livro envolvente desde o prólogo e passamos a imaginar cada personagem e suas manias muito rapidamente, logo visualizando as cenas. Os rostos avermelhados de timidez, o olhar desafiador, o sorriso, a gargalhada, a lágrima que escorre, a voz embargada ou entalada na garganta, tudo isso aparece na nossa mente com rostos e posturas, pois é muito capaz de que em muitos momentos do livro nós nos enxerguemos naquelas situações, não importando se é este ou aquele personagem.
Já vi algumas pessoas escrevendo que o final não traz surpresa para alguns personagens e que até seria previsível, mas isso não ocorreu comigo. Em alguns momentos cheguei a pensar que tudo tinha se perdido, que aquilo pelo qual eu torcia não iria ocorrer, mas a autora conseguiu mostrar que para cada personagem a conclusão deveria ser diferente mesmo.
A Gaby é uma pessoa de sorriso fácil, piadas pontuais e inteligentes, uma mistura de mulher que luta por seu espaço e ao mesmo tempo se diverte jogando videogame, ou seja, uma daquelas pessoas que você qualifica como (no mínimo) uma ótima companhia. E seu livro traz muito dela, com uma escrita direta e atual, te prende para entender o que são os tais recados, para conhecer melhor a história de cada personagem e compreender quem é cada um deles, como eles se tornaram o que são hoje, assim como qualquer game que para chegar ao final temos que passar todas as fases.
Eu me recordo quando li Os Miseráveis (meu livro preferido) e como me emocionei em alguns momentos, chegando a chorar no final (realmente é uma obra que mexeu muito comigo), e enquanto estava lendo Os Recados eu me peguei algumas vezes dando risadas ou enchendo os olhos de lágrimas em determinados (imagine isso durante um vôo de Curitiba a Goiânia).
Gaby, meus parabéns. Seu livro é belíssimo e arrisco a dizer que daria um ótimo filme. Fico muito orgulhoso por conhecer e ter na família uma escritora tão talentosa como você.
E para quem está lendo este texto: compre (tem nas LIVRARIAS CURITIBA), leia (sem preconceito e vá até o final), divirta-se e recomende. Uma leitura fácil e envolvente que deixa com vontade de quero mais.
