sábado, 29 de setembro de 2012

Dicas para o FDS 28 a 30/09/12



Reunam seus amigos!!! O FDS ESTÁ CHEGANDO!!!! Seguem algumas dicas para melhor aproveitá-lo.

Peço aos leitores que se leram / assistiram / ouviram qualquer das obras indicadas abaixo, que possam comentar o que acharam. Um feedback é sempre interessante.

Antes de tudo, faça a sua legenda para esta imagem: LEGENDA

Em seguida, tenho que lembrar que sua presença na Missa é importantíssima, por isso não esqueça de colocar na sua agenda de domingo o horário de ir à Santa Missa.



LOOPER: ASSASSINOS DO FUTURO

Ambientado em um futuro próximo, um grupo de assassinos conhecidos como Loopers trabalham para um sindicato do crime. Eles são enviados do futuro para o presente, para matarem criminosos antes que os crimes sejam cometidos. Mas quando um deles descobre que foi enviado para o passado para matar a si mesmo, o sistema começa a ser questionado.

Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Bruce Willis, Emily Blunt, Paul Dano, Jeff Daniels, Piper Perabo
Direção: Rian Johnson    Gênero: Ação    Duração: 118 min.    Classificação: 16 Anos

OBS: eu gosto de uma boa ficção científica, e quando vem recheada com com bons atores e aventura, fica melhor ainda. Parece-me que este filme é um daqueles que merece ser visto no cinema. Confiram o TRAILER.


Lançamento


HOMENS DE PRETO 3

Yaz decide voltar no tempo para matar Kay e desencadeia uma série de acontecimentos que pode levar ao fim do mundo. Jay precisa, então, ir atrás de Yaz para salvar seu companheiro e o destino da humanidade. Para isso, ele viaja no tempo e descobre segredos que nunca imaginou.

OBS: muita gente já se divertiu com essa franquia, que traz uma atuação muito engraçada de Will Smith. Vamos combater alienígenas de novo? Confiram o TRAILER.

Catálogo

O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA

O principal mérito de O Maior Espetáculo da Terra é a grandiosidade com que Cecil B. DeMille retrata o empreendimento circense, definido nas palavras do próprio realizador como um incansável gigante em movimento. Charlton Heston faz Brad Braden, o big boss com serragem nas veias, que mantém a qualquer custo o circo Ringling Brothers and Barnum & Bailey em pé. Cornel Wilde é o Grande Sebastian, um lendário trapezista que se rivaliza com Braden pela conquista de Holly (Betty Hutton). Ao lado do trio protagonista contracena uma dupla mais sombria: o palhaço Butons (James Stewart), ex-médico procurado pelo assassinato da mulher, e Klau (Lyle Bettger), um domador de elefantes sádico. Todos vivem momentos de apreensão e euforia, erguendo e reerguendo o espetáculo em cada cidade; porque chova ou faça sol, o show deve continuar.

OBS: sou fã do Charlton Heston e este filme assisti muito na Sessão da Tarde. Não se trata apenas de uma sessão velharia, mas sim a indicação de um ótimo filme. Destaque para um ótima interpretação de James Stewart como o palhaço Klau. Confiram o trailer - AQUI.



ANGUS - VOL. 1
Orlando Paes Filho

Um jovem de 16 anos anseia por acompanhar seu pai, um jarl viking, às guerras na Terra dos Anglos, pois para isso é treinado desde criança. Quando tão esperado fato se concretiza, porém, ele descobre que a barbárie e as injustiças das lutas estão longe dos ideais de honra que o pai havia lhe ensinado por meio de um heróico exemplo. E são essas mesmas injustiças que farão dele o mais nobre guerreiro.

Esse é Angus MacLachlan, primeiro guerreiro e fundador do clã dos MacLachlan que retira, dos momentos de total desgaste emocional e físico, verdadeiras lições para aprender a viver, a sobreviver e a lutar. Sua personalidade, no entanto, é lapidada não só pelas adversidades e pelo sofrimento, mas também pela orientação de grandes mestres, como Nennius, significativa figura que altera por completo a visão de mundo de Angus.

Nascido em 849 d.C., filho de mãe celta e pai viking, Angus tem diante de si duas formações culturais, religiosas e morais, e uma delas deve ser extinta em prol de um ideal nobre: preservar a cristandade na Bretanha, antes que ela seja completamente aniquilada pelos nórdicos comandados pelo cruel Ivar, sem-Ossos. Tal desafio implica diretamente a formação e o desenvolvimento da Europa e do mundo atual.

Ambientada no século IX, no auge da Idade Média, a história revela uma aventura diferente de tudo o que já foi contado, baseada em uma extensa e detalhada pesquisa histórica que torna ainda mais reais e impressionantes os fatos retratados

OBS: um ótimo livro que deve ser obrigatório a todos que gostam de uma boa leitura de capa e espada, em especial aos cristãos. Recomendo a leitura e que seja adquirido - AQUI.


O BÊBADO E O EQUILIBRISTA
João Bosco

Este álbum é um dos maiores clássicos de João Bosco, exímio violonista e compositor. Destaque para a faixa-título, que desde seu lançamento se tornou a canção mais escutada nos protestos e passeatas pelo Brasil.

OBS: para os admiradores dda boa música popular brasileira, este CD é uma ótima pedida. Além de trazer grandes músicas, contam com uma animada e ótima interpretação do João Bosco, que particularmente gosto muito. Indispensável na sua cdteca - AQUI (ótimo preço, por sinal).

Segue uma das músicas:





Este espaço foi criado para dar uma dica que pode ser feita em sua casa, uma  receita mais elaborada e ao mesmo tempo simples de fazer. Então, tente preparar, ok?!?

Hoje trago uma receita de Philly Cheesestake!!!! A receita está no canal A Maravilhosa Cozinha de Jack, no youtube.

PHILLY CHEESESTAKE


Philly Cheesestake, também chamado de Philadelphia Cheesesteak ou, apenas Philly, é o sanduíche tradicional da cidade de Rocky Balboa. Sua origem remonta ao início do século XX, mas a receita atual, com provolone e pimentão, foi sendo aprimorada ao longo de décadas. Se você for à Filadélfia, você tem que comer um desses. Mas se você não for à Filadélfia, faça essa receita em casa e aproveite. Você não vai se arrepender. 

Ingredientes:

300g de contra-filet em lascas bem finas
50g de cebola cortada em anéis
50g de pimentão verde cortado em anéis
50g de pimentão vermelho cortado em anéis
50g de pimentão amarelo cortado em anéis
150g de queijo provolone ralado
200ml de creme de leite 
2 mini baguettes

Modo de preparo cream cheese de provolone:

Em uma panela em fogo baixo, adicione o creme de leite e o queijo provolone e misture vigorosamente.
Quando criar uma consistência cremosa, desligue o fogo. 

Modo de preparo carne:

Tempere a carne com sal e pimenta do reino à gosto.
Em uma frigideira em fogo alto, frite as lascas de carne até ficar dourada.

Modo de preparo pimentão e cebola:
Numa panela ou wok em fogo médio, adicione o pimentão e a cebola até que fiquem bem moles.
Não feche a panela, deixe os ingredientes cozinharem na panela sem tampa.

Importante que nenhum das 3 operações acabe muito antes das outras. O ideal é que terminem ao mesmo tempo

Para facilitar, segue um vídeo


Bom apetite!!!


Nem sempre é fácil esperar o ônibus



Bom, é isso aí. Aproveitem o fim-de-semana. 

E NÃO ESQUEÇAM: Domingo é dia de ir à Missa.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Você sabia?


Papa Inocêncio XII, nascido Antônio Pignatelli, (Nápoles, 13 de maio de 1615 — Roma, 27 de setembro de 1700). Foi Papa de 21 de Julho de 1691 até a sua morte.

Do conclave de 1691, interrompido, aliás, por um incêndio, saiu ileso Antônio Pignatelli, arcebispo de Nápoles, de 76 anos de idade, que seria eleito Papa, tomando o nome de Inocêncio XII. Fora educado num colégio de jesuítas e servido como núncio em Florença, em Viena e na Polónia.

Durante seu Pontificado, instituiu documentos como a bula pontifícia Romanum decet pontificem, que extirpou a praga do nepotismo, não permitindo aos parentes próximos dos futuros Papas acesso a regalias especiais na estrutura de poder político e mesmo religioso. Emanou decretos sobre o uso da veste talar, sobre a visita canônica e exercícios espirituais ao clero e sobre a disciplina dos religiosos. Introduziu o piedoso costume de se acompanhar o Santo Viático.

Instituiu asilos para os pobres, eliminando a mendicância nas ruas. Atendeu carinhosamente aos flagelados dos terremotos e da peste. Encerrou as questões com a França de Luís XIV e o caso do Quietismo. Esta interpretação dada pelo arcebispo Miguel de Molinos, preceptor do príncipe herdeiro de França, às palavras de Santo Agostinho: Ama a Deus e fazei o que quiseres, desencadeou acesas polêmicas. Roma, após estudar cuidadosa e longamente a questão, reprovou o livro Máximas dos Santos de Fénelon. Molinos publicamente se retratou.

Muito trabalhou Inocêncio em prol das Missões no Canadá, na Pérsia e na Abissínia. Contra os muçulmanos, o Príncipe Eugénio de Savoia, esse padreco como o alcunhara por desprezo Luís XIV, obteve estupendas vitórias, que eliminaram o secular perigo turco. Carlos II de Espanha, sem herdeiros próximos, recorreu ao pontífice pedindo seu parecer de pai comum da cristandade sobre a sucessão. O Papa iniciou o Ano Santo de 1700, mas faleceu em 27 de Setembro. Foi o último pontífice a usar barba, costume reintroduzido em 1527 pelo Clemente VII, durante o cerco de Roma.

Fonte: Wikipedia

OBS: o nepotismo existiu, mas o Papa Inocêncio XII acabou com isso e desde então isso não existe mais dentro da Igreja ... e olha que isso foi uma das menores coisas que este Papa fez. Você conhecia este Pontífice?

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sabedoria



Um homem que luta por moedas é leal apenas à sua carteira.
(Tyrion Lannister - As Crônicas de Fogo e Gelo)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Legenda 51


Para criar a sua use o espaço para comentários. Só há uma uma regra: sejam criativos ... ou não. O que vale é participar mesmo.


Já viram as imagens anteriores? Aqui: 1234567891011121314151617181920212223, 24252627282930313233343536373839, 40414243444546474849 e 50.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

TOLKIEN WEEK - Sobre algumas mudanças na Igreja



Dentro do especial TOLKIEN WEEK, vou trazer trechos de uma carta escrita do J.R.R. Tolkien para seu filho Michael Tolkien, em que expressa suas preocupações com as mudanças que estavam ocorrendo na Igreja. Vale a pena a leitura até o final

Destaquei alguns pontos (em negrito e/ou sublinhado), que acredito no possam levar a uma reflexão até mesmo sobre os dias atuais dentro da Igreja.

Esta carta é a de nº 306 do livro As Cartas de J.R.R. Tolkien, que foi publicado no Brasil pela Editora Arte & Letra, traduzido por Gabriel O. Brum (da Equipe Valinor) e pode ser adquirido neste LINK.

306. De uma carta para Michael Tolkien
[No topo, Tolkien escreveu: “Encontrada entre meus papéis espalhados. Não-enviada ou terminada por razões agora esquecidas. JRRT. 11/out/68”. Mas a carta por fim foi enviada para Michael Tolkien. Ela foi iniciada no 76 Sandfield Road (Tolkien observou) “em algum momento após 25 de ago. de 1967” e foi terminada no 19 Lakeside Road,a nova casa, cujo endereço postal era Poole, Dorset, mas que na verdade ficava em um subúrbio de Bournemouth.]

(...) “Tendências” na Igreja são .... sérias, especialmente àqueles acostumados a encontrar consolo e “pax” em épocas de problemas temporais, e não apenas outra arena de conflitos e mudanças. Mas imagine a experiência daqueles nascidos (como eu) entre o Jubileu Dourado e o de Diamante de Vitória. Os sentimentos ou idéias de segurança foram progressivamente tirados de nós. Encontramo-nos agora confrontando nus a vontade de Deus, no que nos diz respeito e à nossa posição no Tempo (Vide Gandalf I 70 e III 155 [3]). “De volta ao normal” - apuros políticos e cristãos -, tal como um professor católico certa vez me disse, quando lamentei o colapso de todo o meu mundo que se iniciou logo após eu completar 21. Bem sei que, para você como para mim, a Igreja, que antigamente parecia um refúgio, agora com freqüência parece uma armadilha. Não há nenhum outro lugar para se ir! (Me pergunto se esse sentimento desesperado, o último estágio da lealdade que persiste, não foi, com ainda mais freqüência do que de fato é registrado nos Evangelhos, sentido pelos seguidores de Nosso Senhor no período de Sua vida terrena.) Creio que não há nada a se fazer senão rezar, pela Igreja, o Vigário de Cristo, e por nós mesmos; e, enquanto isso, exercer a virtude da lealdade, que realmente só se torna uma virtude quandos e está sob pressão para abandoná-la. Há, é claro, vários elementos na atual situação que são confusos, embora na realidade distintos (como de fato no comportamento da juventude moderna, parte da qual é inspirada por motivos admiráveis tais como antiarregimentaçãoe antimonotonia, uma espécie de saudade romântica dos “cavaleiros”,e que não está necessariamente aliada às drogas ou aos cultos de inércia e imundície). A busca “protestante” em direção ao passado pela “simplicidade” e retidão - a qual, é claro, apesar de conter alguns motivos bons ou pelo menos inteligíveis, é equivocada e de fato vã. Porque o “cristianismo primitivo” é agora e, apesar de toda “pesquisa”, sempre permanecerá amplamente desconhecido; pois “primitivismo” não é garantia de valor e é, e foi, em grande parte um reflexo da ignorância. Graves abusos eram um elemento do comportamento “litúrgico” cristão desde o início tanto quanto o são agora. (As críticas severas de S. Paulo sobre o comportamento eucarístico são suficientes para mostrar isso!) Ainda mais porque a “minha igreja” não foi pretendida por Nosso Senhor para ser estática ou permanecer em perpétua infância, mas para ser um organismo vivo (semelhante a uma planta), que se desenvolve e muda o exterior pela interação de sua vida e história divinas legadas - as circunstâncias especiais do mundo no qual se encontra. Não há semelhança entre o “grão de mostarda” e a árvore adulta. Para aqueles que vivem nos dias do crescimento de seus galhos, a Árvore é a coisa, pois a história de uma coisa viva é parte de sua vida, e a história de uma coisa divina é sagrada. O sábio pode saber que ela começou com uma semente, mas é inútil tentar desenterrá-la, pois ela não mais existe, e a virtude e os poderes que a semente possuía residem agora na Árvore. Muito bom: mas no cultivo as autoridades, os guardiões da Árvore, devem cuidar dela, de acordo com a sabedoria que possuírem, podá-la, remover feridas, livrá-la de parasitas, e assim por diante. (Com temor, sabendo o quão pequeno é seu conhecimento do crescimento!) Mas eles certamente irão danificá-la caso sejam obcecados com o desejo de retornar à semente ou mesmo à juventude da planta quando esta era (como imaginam) bela e não era afligida por males. O outro motivo (agora tão confundido com o primitivista, mesmo na mente de qualquer um dos reformadores) - aggiornamento: atualizar; este possui seus próprios perigos graves, como tem sido aparente no decorrer da história. Com este também se confundiu o “ecumenismo”.

Vejo-me simpático àqueles desenvolvimentos que são estritamente “ecumênicos”, isto é, que dizem respeito a outros grupos ou igrejas que chamam a si próprios de (e com freqüência o são verdadeiramente) “cristãos”. Temos orado incessantemente pela reunião cristã, mas é difícil ver, caso se reflita, como isso possivelmente poderia começar a acontecer, exceto como o tem sido, com todos os seus inevitáveis absurdos menores. Um aumento na “caridade” é um ganho enorme. Como cristãos, aqueles fiéis ao Vigário de Cristo devem pôr de lado os ressentimentos que sentem como simples humanos - ex: com a “petulância” de nossos novos amigos (esp. a I[greja] da I[nglaterra]). Agora freqüentemente se recebe tapinhas nas costas como um representante de uma igreja que viu o erro de seus hábitos, abandonou sua arrogância e presunção e seu separatismo; mas ainda não conheci um “protestante” que mostre ou expresse qualquer realização das razões neste país para nossas atitudes, antigas e modernas: da tortura e expropriação até “Robinson” [4] e tudo aquilo. Já foi mencionado alguma vez que os c[atólicos] r[omanos] ainda sofrem de deficiências sequer aplicáveis aos judeus? Como um homem cuja infância foi obscurecida pela perseguição, considero isso difícil. Mas a caridade deve abranger uma grande quantidade de pecados! Há perigos (é claro), mas um militante da Igreja não pode permitir-se trancar todos os soldados desta em uma fortaleza. Isso teve efeitos similarmente ruins na Linha Maginot. (...)

[3] - "- Você foi escolhido, e portanto deve usar toda força, coração e esperteza que tiver." "- Não é nossa função controlar todas as marés do mundo, mas sim fazer o que pudermos para socorrer os tempos em que estamos inseridos."
[4] - Bispo J. A. T. Robinson, autor de Honest to God ["Honesto com Deus"] (1963).

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

TOLKIEN WEEK - Sentido da vida



Dentro do especial TOLKIEN WEEK, vou trazer trechos de uma belíssima carta escrita do J.R.R. Tolkien escrita e enviada para Camilla Unwin, em que trata sobre "qual o propósito da vida". Vale a pena a leitura até o final.

Esta carta é a de nº 310 do livro As Cartas de J.R.R. Tolkien, foi publicado no Brasil pela Editora Arte & Letra, traduzido por Gabriel O. Brum (da Equipe Valinor) e pode ser adquirido neste LINK.


310. Para Camilla Unwin 20 de maio de 1969
[Foi pedido à filha de Rayner Unwin, Camilla, como parte de um "trabalho" escolar, que escrevesse e perguntasse: "Qual é o propósito da vida?"]

(...) Se você não acredita em um Deus pessoal, a pergunta: "Qual é o propósito da vida?" é impossível de ser feita e respondida. A quem ou a que você dirigiria a pergunta? Mas visto que em um canto estranho (ou cantos estranhos) do Universo as coisas se desenvolveram com mentes que fazem perguntas e tenham respondê-las, você poderia mencionar um dessas coisas peculiares. Como uma delas, eu ousaria dizer (falando com arrogância absurda em nome do Universo: "Sou como sou. Não há nada que você possas fazer a respeito. Você pode continuar tentando descobrir o que sou, mas jamais terá sucesso. E por que você quer saber, eu não sei. Talvez o desejo de saber pelo mero conhecimento em si esteja relacionado com as preces que alguns de vocês dirigem ao que vocês chama de Deus. Na melhor das hipóteses, essas preces parecem simplesmente louvá-Lo por Ele ser como é, e por fazer o que Ele fez, tal como Ele fez".

Aqueles que acreditam em um Deus, em um Criador pessoal, não acham que o Universo em si é digno de adoração, embora o estudo devotado dele possa ser um dos modos de honrá-Lo. E enquanto estivermos, como criaturas vivas que somos (em parte), dentro dele e formos parte dele, nossas ideias de Deus e as maneiras de expressá-las serão em grande parte derivadas da contemplação do mundo ao nosso redor. (Embora também haja revelações dirigidas tanto a todos os homens como a pessoas em particular.)

Assim, pode-se dizer que o principal propósito da vida, para qualquer um de nós, é aumentar, de acordo com nossa capacidade, nosso conhecimento de Deus por todos os meios que tivermos, e ficarmos comovidos por tal conhecimento para louvar e agradecer. Para fazer como dizemos no Gloria in Excelsis: Laudamus te, benedicamus te, adoramus te, glorificamus te, gratias agimus tibi propter magnam gloriam tuam. Louvamo-te, santificamo-te, adoramo-te, glorificamo-te, agradecemo-te pela grandeza de teu esplendor. (...)

Você sabia?


Papa Agapito I, pontífice de 535 a 536.

Agapito era filho de Gordianus, um padre romano assassinado nos tumultos no tempo do Papa Símaco (498-514). O seu primeiro ato oficial foi queimar, na presença de uma assembleia de clérigos, o anátema que o papa Bonifácio II tinha pronunciado contra o seu rival, o Antipapa Dióscoro e ordenou que fosse preservado nos arquivos romanos.

Combateu a doutrina monofisista e fundou em Roma, com Cassiodoro, uma biblioteca de autores eclesiásticos.

Por esta altura Belisário, após ter conquistado a Sicília, preparava-se para invadir a Itália. O rei ostrogodo Teodato, como último recurso, pediu ao pontifice que viajasse a Constantinopla e fizesse valer a sua influência junto do imperador Justiniano I. Para custear as despesas da da viagem, que incluia uma imponente comitiva e cinco bispos, Agapito viu-se obrigado a empenhar vários objectos sagrados da Igreja de Roma. Partiu a meio do inverno e chegou a Constantinopla em fevereiro de 536, sendo recebido com todas as honras condizentes com o seu cargo de chefe da Igreja Católica. O objetivo da sua visita estava condenado ao fracasso, pois não podia contrariar a vontade do imperador de restabelecer os seus direitos em Itália. Mas do ponto de vista eclesiástico, a visita do papa não foi em vão, principalmente no seu combate à doutrina monofisista.

Terá morrido envenenado por tramas obscuras da esposa do Imperador, Teodora em 22 de Abril de 536.

Celebrado pela Igreja Ortodoxa a 22 de abril (data da sua morte) e pelos católicos a 20 de setembro. Seu corpo foi levado de volta a Roma, onde foi sepultado na Basílica de São Pedro.

Fonte: Wikipedia

OBS: eu sei que é um nome incomum, mas Santo Agapito não pode deixar de ser lembrado, em especial por ter fundado uma biblioteca de autores eclesiásticos em Roma.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

TOLKIEN WEEK - A fé na Igreja


Dentro do especial TOLKIEN WEEK, vou trazer trechos de uma belíssima carta escrita do J.R.R. Tolkien escrita e enviada ao seu filho Michael Tolkien, em que trata sobre aspecto de fé. Vale a pena a leitura até o final, e para "auxiliar" fiz o destaque (negrito) em algumas partes.

Esta carta é a de nº 250 do livro As Cartas de J.R.R. Tolkien, foi publicado no Brasil pela Editora Arte & Letra, traduzido por Gabriel O. Brum (da Equipe Valinor) e pode ser adquirido neste LINK.


250. Para Michael Tolkien 1 de Novembro de 1963

(...) Contudo, você fala de "fé alquebrada". Isso é completamente outra questão: em último caso, a fé é um ato de vontade, inspirado por amor. Nosso amor pode ser esfriado e nossa vontade desgastada pela demonstração de deficiências, tolice e até mesmo pecados da Igreja e seus ministros, mas não acredito que alguém que já teve fé retroceda por essas razões (menos de todos alguém com qualquer conhecimento histórico). "Escândalo" no máximo é uma ocasião de tentação - como é a indecência à luxúria, que não a cria mas a estimula. É conveniente porque tende a desviar nossos olhos de nós mesmos e de nossas falhas para encontrar um bode expiatório. Mas o ato de vontade da fé não é um único momento de decisão final: é um ato > estado permanente indefinidamente repetido que deve continuar - de modo que oramos pela "perseverança final". A tentação à "descrença" (que realmente significa rejeição de Nosso Senhor e de Suas afirmações) está sempre lá dentro de nós. Parte de nós anseia em encontrar uma desculpa para tal fora de nós. Quanto mais forte a tentação interna, mais fácil e severamente ficaremos "escandalizados" com os outros. Creio que sou tão sensível quanto você (ou qualquer outro cristão) aos "escândalos", tanto do clero quanto da laicidade. Sofri dolorosamente em minha vida com padres estúpidos, cansados, apagados e até mesmo maus; mas agora sei o suficiente sobre mim para estar ciente de que não devo deixar a Igreja (que para mim significaria abandonar a lealdade ao Nosso Senhor) por semelhantes razões: eu deveria deixar caso não acreditasse e não mais acreditaria, mesmo se eu nunca tivesse encontrado qualquer um nas ordens que não fosse tão sábio como pio. Eu deveria negar o Sagrado Sacramento, isto é: chamar Nosso Senhor de fraude em Sua face.

Se Ele for uma fraude e os Evangelhos fraudulentos - isto é: relatos deturpados de um megalomaníaco demente (que é a única alternativa), então obviamente o espetáculo exibido pela Igreja (no sentido do clero) na história é simplesmente evidência de uma gigantesca fraude. Contudo, caso não seja, então este espetáculo infelizmente é apenas o que de se devia esperar: começou antes da primeira Páscoa e não afeta a de modo algum - exceto que podemos e deveríamos ser profundamente pesarosos. Mas deveríamos nos afligir em nome de nosso Senhor e por Ele, associando a nós mesmo aos escandalizadores, não aos santos, e não gritando que não podemos "suportar" Judas Iscariotes, ou mesmo o absurdo e covarde Simão Pedro, ou as mulheres tolas como a mãe de Tiago, tentando pressionar seus filhos.

É necessária uma fantástica vontade de descrença para supor que Jesus realmente nunca "aconteceu", e mais para supor que Ele não disse as coisas registradas sobre ele - tão incapaz de serem "inventadas" por qualquer pessoa naquela época: tal como "- Antes que Abraão fosse feito, eu sou"' (João viii). "- Aquele que me viu, viu o Pai" (João ix); ou a promulgação do Sagrado Sacramento em João v: "- O que come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna". Portanto, nós devemos ou acreditar Nele e no que disse e arcar com as conseqüências; ou rejeitá-lo e arcar com as conseqüências. Pessoalmente acho difícil acreditar que alguém que esteve na Comunhão, mesmo uma vez, pelo menos com a intenção certa, possa rejeitá-Lo sem grave culpa. (No entanto, só Ele conhece cada alma única e suas circunstâncias.)

A única cura para o alquebramento da fé débil é a Comunhão. Apesar de sempre em Si próprio perfeito e complexo e inviolável, o Sagrado Sacramento não opera completamente e de uma vez por todas em qualquer um de nós. Como o ato de Fé, ele deve ser contínuo e cultivado pelo exercício. A frequência é o maior efeito. Sete vezes por semana é mais acalentador do que sete vezes a intervalos. Recomendo também isto como um exercício (infelizmente muito fácil de se encontrar a oportunidade para tal): faça sua comunhão em circunstâncias que afrontem seu gosto. Escolha um padre fanho ou gago ou um frade orgulhoso e vulgar; e uma igreja repleta da usual multidão burguesa, com crianças malcomportadas – daquelas que gritam àqueles produtos de escolas católicas que no momento em que o tabernáculo é aberto recostam-se e bocejam – , jovens sem gravata e sujos, mulheres de calças e frequentemente com o cabelo despenteado e descoberto. Vá à Comunhão com eles (e reze por eles). Será exatamente (ou melhor) como uma missa conduzida por um homem visivelmente santo e compartilhada por algumas pessoas devotas e decorosas. (Não poderia ser pior do que a bagunça da alimentação dos Cinco Mil – após a qual [Nosso] Senhor propôs a alimentação que estava por vir.)

Eu mesmo estou convencido das afirmações petrinas, tampouco olhando ao redor do mundo parece haver muita dúvida de qual (se o cristianismo for verdadeiro) é a Verdadeira Igreja, o templo do Espírito* moribundo mas vivo, corrupto mas sagrado, auto-reformista e que se reergue. Mas para mim, aquela Igreja de que o Papa é o chefe reconhecido na terra possui como afirmação principal que é a única que sempre defendeu (e ainda defende) o Sagrado Sacramento e deu-lhe as maiores honras e colocou-o (como Cristo claramente pretendia) em primeiro lugar. " - Alimente meu rebanho" foi Sua última incumbência a S. Pedro; e visto que Suas palavras são sempre as primeiras a serem compreendidas literalmente, suponho que se referem primeiramente ao Pão da Vida. Foi contra isto que a revolta oeste-européia (ou Reforma) foi realmente lançada - "a fábula blasfema da Missa" - e a fé/obras são apenas uma mera distração. Acredito que a maior reforma de nosso tempo foi aquela executada por S. Pio X [1] ; ultrapassando qualquer coisa, por mais necessária que seja, que o Concílio [2] alcançará. Pergunto-me que estado da Igreja agora se não fosse por esta reforma.

(...) Porém, apaixonei-me pelo Sagrado Sacramento desde o início – e pela misericórdia de Deus nunca deixei de amá-lo (...)

* Não que se deva esquecer as sábias palavras de Charles Williams, que é a nossa obrigação zelar pelo altar reconhecido e estabelecido, embora o Espírito Santo possa enviar o fogo a outro lugar. Deus não pode ser limitado (mesmo por suas próprias Fundações) - das quais S. Paulo é o primeiro e principal exemplo - e pode usar qualquer canal para Sua graça. Mesmo amar Nosso Senhor, e certamente chamá-lo Senhor e Deus, é uma graça, e pode trazer mais graça. Entretanto, falando institucionalmente e não de almas individuais, o canal eventualmente deve voltar para seu curso decretado, ou passar para as areias e perecer. Além do Sol deve haver luar (mesmo claro o suficiente para se ler); mas se o Sol fosse removido, não haveria Lua para ver. O que seria o cristianismo agora se a Igreja Romana tivesse de fato sido destruída?

[1] - Possivelmente uma referência à recomendação de Pio X para a comunhão diária e a comunhão das crianças.
[2] - O Segundo Concílio do Vaticano (1962-6).

terça-feira, 18 de setembro de 2012

TOLKIEN WEEK - Sabedoria


Seguindo a TOLKIEN WEEK, o momento de sabedoria também será deste grande autor.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

TOLKIEN WEEK - uma visão sobre o casamento


Dentro do especial TOLKIEN WEEK, vou trazer uma belíssima carta escrita do J.R.R. Tolkien escrita e enviada ao seu filho Michael Tolkien, em que trata sobre o casamento. Vale a pena a leitura até o final.

Esta carta é a de nº 43 do livro As Cartas de J.R.R. Tolkien, foi publicado no Brasil pela Editora Arte & Letra, traduzido por Gabriel O. Brum (da Equipe Valinor) e pode ser adquirido neste LINK.

43. De uma carta para Michael Tolkien 6-8 de Março de 1941
[Sobre a questão do casamento e das relações entre os sexos.]

Os relacionamentos entre um homem e uma mulher podem ser puramente físicos (na verdade não podem, é claro, mas quero dizer que ele pode recusar-se a levar outras coisas em consideração, para grande dano na sua alma (e corpo) e das delas); ou "amigáveis"; ou ele pode ser "amante" (empenhando e combinando todos os seus afetos e poderes de mente e corpo em uma emoção complexa poderosamente colorida e energizada pelo "sexo"). Esta é um mundo decaído. A desarticulação do instinto sexual é um dos principais sintomas da Queda. O mundo foi "ido de mal a pior" ao longo das eras. As várias formas sociais mudam, e cada novo modo tem os seus perigos especiais: mas o "duro espirito da concupiscência" vem caminhando por todas as ruas, e se instalou em todas as casas, desde que Adão caiu. Deixaremos de lado os resultados "imorais". Para esses você não deseja ser arrastado. À renúncia você não tem nenhum chamado. "Amizade", então? Neste mundo decaído, a "amizade" que deveria ser possível entre todos os seres humanos é praticamente impossível entre um homem e uma mulher. O diabo é incessantemente engenhoso, e o sexo é seu assunto favorito. Ele é da mesma forma bom tanto em cativá-lo através de generosos motivos românticos ou ternos, quanto através daqueles mais vis ou mais animais. Essa "amizade" tem sido tentada com frequência: um dos dois lados quase sempre falha. Mais tarde na vida, quando o sexo esfria, tal amizade pode ser possível. Ela pode ocorrer entre santos. para as pessoas comuns ela só pode ocorrer raramente: duas almas que realmente possuam uma afinidade essencialmente espiritual e mental podem acidentalmente residir em um corpo masculino e em um feminino e ainda assim podem desejar e alcançar uma "amizade" totalmente independente do sexo. Porém, ninguém pode contar com isso. O outro parceiro(a) irá desapontá-la(lo), é quase certo, ao se "apaixonar". Mas um rapaz realmente não quer (via de regra) "amizade", mesmo que ele diga que queira. Existem muitos rapazes (via de regra). Ele quer amor: inocente, e talvez ainda irresponsável. Ai! Ai! que sempre o amor foi pecado!, como diz Chaucer. Então, se ele for cristão e estiver ciente que há tal coisa como o pecado, ele desejará saber o que fazer a respeito disso.

Há, na nossa cultura ocidental, a romântica tradição cavalheiresca ainda forte, apesar de que, como um produto da cristandade (porém de modo algum o mesmo que a ética cristã), os tempos são hostis a ela. Tal tradição idealiza o "amor" – e, ademais, ele pode ser muito bom, uma vez que abrange muito mais do que prazer físico e desfruta, se não da pureza, pelo menos de fidelidade, e abnegação, "serviço", cortesia, honra e coragem. Sua fraqueza, sem dúvida, é que ele começou como um jogo artificial de cortejo, uma maneira de desfrutar do amor por si só sem referência (e, de fato, contrário) ao matrimônio. O seu centro não era Deus, mas Divindades imaginárias, o Amor e a Dama. Ele tende ainda a tornar a Dama uma espécie de divindade e estrela guia – do antiquado "sua divindade" = a mulher que ele ama – o objeto ou a razão de uma conduta nobre. Isso é falso, é claro, e na melhor das hipóteses fictício. A mulher é outro ser humano decaído com uma alma em perigo. Mas, combinado e harmonizado com a religião (o que era há muito tempo, quando produziu boa parte daquela bela devoção à Nossa Senhora, que foi o modo de Deus de refinar em muito nossas grosseiras naturezas e emoções masculinas e também de aquecer e colorir a nossa dura e amarga religião), tal amor pode ser muito nobre. Ele produz então o que suponho que ainda seja sentido, entre aqueles que mantêm ainda que um vestígio de cristianismo, como o ideal mais alto de amor entre um homem e uma mulher. Porém, eu ainda acho que ele possui perigos. Ele não é totalmente completamente verdadeiro e não é perfeitamente "teocêntrico". Leva (ou, de qualquer maneira, levou no passado) o rapaz a não ver mulheres como elas realmente são, como companheiras de um naufrágio, e não como estrelas guias. (Um resultado observado é que na verdade ele faz com que o rapaz torne-se cínico.) Leva-o a esquecer os desejos, necessidades e tentações delas. Impõe noções exageradas de "amor verdadeiro", como um fogo vindo de fora, uma exaltação permanente, não-relacionado à idade, à gestação e à vida simples, e não-relacionado à vontade e ao propósito. (Um resultado disso é fazer com que os jovens - homens e mulheres - procurem por um "amor" que os manterá sempre bem e aquecidos em um mundo frio, sem qualquer esforço da parte deles; e o romântico incurável continua procurando até mesmo na sordidez das cortes de divórcio).

As mulheres realmente não têm parte em tudo isto, embora possam usar a linguagem do amor romântico, visto que ela está tão entrelaçada em todos as nossas expressões idiomáticas. O impulso sexual torna as mulheres (naturalmente, quando não-mimadas, mas altruístas) muito solidárias e compreensivas, ou especialmente desejosas de assim o serem (ou de assim parecerem), e muito predispostas a ingressarem em todos os interesses, na medida do possível, de gravatas à religião, do jovem pelo qual estejam atraídas. Nenhuma intenção necessariamente de ludibriar - puro instinto: o instinto serviente de esposa, generosamente aquecido pelo desejo e um sangue jovem. Sob esse impulso, elas de fato podem alcançar com frequência um discernimento e compreensão extraordinários, até mesmo acerca de coisas que em outras circunstâncias estariam fora do seu âmbito natural: pois é o dom delas serem receptivas, estimuladas, fertilizadas (em muitos aspectos que não o físico) pelo homem. Todo professor sabe disso. O quão rápido uma mulher inteligente pode ser ensinada, captar as ideias dele, ver seu motivo – e como (com raras excepções) elas não conseguem ir além quando deixam a tutela dele, ou quando deixam de ter um interesse pessoal nele. Mas esse é o caminho natural delas para o amor. Antes que a jovem perceba onde está (e enquanto o jovem romântico, quando ele existe, ainda está suspirando), ela pode de fato "se apaixonar", o que para ela, uma jovem ainda pura, significa querer se tornar a mãe dos filhos do jovem, mesmo que esse desejo não esteja de modo algum claro ou explícito para ela. E então acontecerão coisas, e elas podem ser muito dolorosas e prejudiciais caso dêem errado, especialmente se o jovem quisesse apenas  uma estrela guia ou divindade temporária (até que fosse atrás de uma mais brilhante), e estivesse simplesmente desfrutando da lisonja da simpatia belamente temperada com um estímulo de sexo – tudo bastante inocente, é claro, e muito distante da "sedução".

Você pode encontrar na vida (como na literatura*) mulheres que são volúveis, caprichosas, ou mesmo puramente libertinas – não me refiro a um simples flerte, o treino para o combate real, mas às mulheres que são tolas demais até mesmo para levar o amor a sério, ou que são tão depravadas ao ponto de desfrutar as "conquistas", ou mesmo que apreciem causar dor – mas essas são anormalidades, embora falsos ensinamentos, uma má educação e costumes deturpados possam encorajá-las. Muito emboras as condições modernas tenham modificado as circunstâncias femininas, e o detalhe do que é considerado decoro, elas não modificaram o instinto natural. Um homem tem o trabalho de toda uma vida, uma carreira (e amigos homens), todos os quais podem (e o fazem, quando ele possui alguma coragem) sobreviver aos naufrágio do "amor". Uma mulher jovem, mesmo sendo "economicamente independente", como dizem agora (o que na verdade geralmente significa subserviência econômica a empregadores masculinos ao invés de subserviência a um pai ou a uma família), começa a pensar no "enxoval" e a sonhar com um lar quase que imediatamente. Se ela realmente se apaixonar, o navio naufragado pode de fato acabar nas rochas. De qualquer maneira, as mulheres são em geral muito menos românticas e mais práticas. Não se iluda com o fato de que elas são mais "sentimentais" no uso das palavras – mais espontâneas com "querido" e coisas do gênero. Elas não querem uma estrela guia. Elas podem idealizar um simples jovem como um herói, mas elas não precisam realmente de tal deslumbramento tanto para se apaixonarem como para permanecerem assim. Se elas possuem alguma ilusão, é a de que podem "remodelar" os homens. Elas aceitarão conscientemente um canalha e, mesmo quando a ilusão de reformá-lo mostra-se vã, continuarão a amá-lo. Elas são, é claro, muito mais realistas sobre a relação sexual. A não ser que sejam corrompidas por péssimos costumes, elas via de regra não falam de modo "obsceno"; não porque sejam mais puras do que os homens (elas não são), mas porque não acham isso engraçado. Conheci aquelas que aparentavam achar isso engraçado, mas é fingimento. Tais coisas podem lhes ser intrigantes, interessantes, atraentes (em boa parte atraentes demais): mas é um interesse natural honesto, sério e óbvio; onde está a graça?

Elas precisam, é claro, ser mais cuidadosas nas relações sexuais, no que diz respeito a todos os contraceptivos. Erros lhes causam danos física e socialmente (e matrimonialmente). Mas elas são instintivamente monogâmicas, quando não-corrompidas. Os homens não são. ... Não há por que fingir. Os homens simplesmente não o são, não por sua natureza animal. A monogamia (apesar que há muito venha sendo fundamental às nossas ideias herdadas) é para nós, homens, uma porção de ética "revelada", em concordância com a fé e não com a carne. Cada um de nós poderia gerar de forma saudável, por volta dos nossos 30 anos, algumas centenas de filhos e apreciar o processo. Brigham Young (acredito) era um homem feliz e saudável. este é um mundo decaído, e não há consonância entre os nossos corpos, mentes e almas.

Entretanto, a essência de um mundo decaído é que o melhor não pode ser alcançado através do livre divertimento, ou pelo que é chamado "auto-realização" (em geral um belo nome para auto-indulgência, completamente hostil à realização de outros aspectos da personalidade), mas pela negação, pelo sofrimento. A fidelidade no casamento cristão acarreta nisso: grande mortificação. Para um homem cristão não há saída. O casamento pode ajudar a santificar e direcionar os desejos sexuais dele ao objeto apropriado; a graça de tal casamento pode ajudá-lo na luta, mas a luta permanece. A graça não irá satisfazê-lo – tal como a fome pode pode ser mantida à distância com refeições regulares. Ela oferecerá tantas dificuldades à pureza própria própria desse estado quanto fornece facilidades. Homem algum, por mais que amasse verdadeiramente sua noiva quando jovem, viveu fiel a ela como uma esposa em mente e corpo sem um exercício consciente e deliberado da vontade, sem abnegação. Isso é dito a poucos – mesmo àqueles educados "na Igreja". Aqueles de fora parecem que raramente ouviram tal coisa. Quando o deslumbramento desaparece, ou simplesmente diminui, eles acham que cometeram um erro, e que a verdadeira alma gêmea ainda está para ser encontrada. A verdadeira alma gêmea com muita frequência mostra-se como sendo a próxima pessoa sexualmente atrativa que aparecer. Alguém com quem poderiam de fato ter casado de uma maneira muito proveitosa se ao menos –. Por isso o divórcio, para fornecer o "se ao menos". E, é claro, via de regra eles estão bastante certos: eles cometeram um erro. Apenas um homem muito sábio no fim da sua vida poderia fazer um julgamento seguro a respeito de com quem, entre todas as oportunidades possíveis, ele deveria ter casado na maneira mais proveitosa! Quase todos os casamentos, mesmo os felizes, são erros: no sentido de que quase certamente (em um mundo mais perfeito, ou mesmo com um pouco mais de cuidado neste mundo imperfeito) ambos os parceiros poderiam ter encontrado companheiros mais adequados. Mas a "verdadeira alma gêmea" é aquela com a qual você realmente está casado. Na verdade, você faz muito pouco ao escolher: a vida e as circunstâncias encarregam-se da maior parte (apesar de que, se há um Deus, esses devem ser Seus instrumentos e Suas aparências). É notório que, na realidade, os casamentos felizes são mais comuns quando a "escolha" feita pelos jovens é ainda mais limitada, pela autoridade dos pais ou da família, contanto que haja uma ética social de pura responsabilidade não-romântica e de fidelidade conjugal. Mas mesmo em países onde a tradição romântica até agora afetou os arranjos sociais a ponto de fazer as pessoas acreditarem que a escolha de um parceiro diz respeito unicamente aos jovens, apenas a mais rara das sortes junta o homem e a mulher que, de certo modo, são realmente "destinados" um ao outro e capazes de um enorme e esplêndido amor. A ideia ainda nos fascina, agarra-nos pelo pescoço: um grande número de poemas e histórias foi escrito sobre o tema, mais, provavelmente, do que o total de amores na vida real (mesmo assim, a maior dessas histórias não fala do casamento feliz de tais amantes, mas de sua trágica separação, como se mesmo nessa esfera o verdadeiramente grande e esplêndido neste mundo decaído esteja mais propício a ser alcançado pelo "fracasso" e pelo sofrimento). Em tal inevitável grande amor, frequentemente um amor à primeira vista, temos uma visão, suponho, do casamento como este deveria ser em um mundo não-decaído. Neste mundo decaído, temos como nossos únicos guias a prudência, a sabedoria (rara na juventude, tardia com a idade), um coração puro e fidelidade de vontade ...

Minha própria história é tão excepcional, tão errada e imprudente em quase todos os aspectos que fica difícil aconselhar prudência. Ainda assim, casos difíceis dão maus exemplos; e casos excepcionais nem sempre são bons guias para outros. pois o que é válido aqui é um pouco de autobiografia – nesta ocasião direcionada principalmente às questões da idade e das finanças.

J.R.R. Tolkien e Edith Tolkien, sua esposa
Apaixonei-me por sua mãe por volta dos 18 anos. De maneira muito genuína, como se mostrou – embora, é claro, falhas de caráter e temperamento tenham feito com que eu com frequência caísse abaixo do ideal com o qual eu havia começado. Sua mãe era mais velha do que eu e não era católica. Completamente lamentável, conforme vislumbrado por um guardião [1]. E isso foi de certa forma muito lamentável; e de certo modo muito ruim para mim. Estas coisas são cativantes e nervosamente exaustivas. Eu era um garoto inteligente lutando contras as dificuldades de se conseguir uma bolsa de estudos (muito necessária) em Oxford. As tensões combinadas quase causaram um colapso nervoso. Fracassei nos meus exames e (como anos mais tarde meu professor me contou) embora eu devesse ter conseguido uma boa bolsa, acabei apenas com uma bolsa parcial de £60 em Exeter: apenas o suficiente para começar (ajudado por meu querido e velho guardião), junto com uma bolsa de saída do colégio da mesma quantia. É claro, havia um lado de crédito, não visto tão facilmente pelo guardião. Eu era inteligente, mas não diligente ou concentrado em apenas uma única coisa; grande parte do meu fracasso foi devido simplesmente ao fato de não me esforçar (pelo menos não em literatura clássica) não porque eu estava apaixonado, mas porque eu estava estudando outra coisa: gótico e não sei mais o que [2]. Por ter uma criação romântica, fiz de um caso de menino-e-menina algo sério, e o tornei a fonte do emprenho. Fisicamente covarde pela natureza, passei de um coelhinho desprezado do segundo time da casa para capitão do time principal em duas temporadas. Todo esse tipo de coisa. Porém, surgiram problemas: tive de escolher entre desobedecer e magoar (ou enganar) um guardião que havia sido um pai para mim, mais do que a maioria dos pais verdadeiros, mas sem qualquer obrigação, e "desistir" do caso de amor até que eu completasse 21. Não me arrependo de minha decisão, embora ela tenha sido muito difícil para minha amada. Mas não foi minha culpa. Ela estava perfeitamente livre e sob nenhum voto a mim, e eu não teria reclamação (exceto de acordo com o código romântico irreal) se ela se tivesse casado com outra pessoa. Por quase três anos eu não vi ou escrevi à minha amada. Foi extremamente difícil, doloroso e amargo, especialmente no início. Os efeitos não foram completamente bons: voltei à leviandade e à negligência, e desperdicei boa parte do meu primeiro ano na Faculdade. Mas não acredito que qualquer outra coisa teria justificado um casamento com base em um romance de garoto; e provavelmente nada mais teria fortalecido suficientemente a vontade de conferir permanência a tal romance (por mais genuíno que fosse um caso de amor verdadeiro). Na noite do meu aniversário de 21 anos, escrevi novamente à sua mãe - 3 de janeiro de 1913. Em 8 de janeiro voltei com ela, e nos tornamos noivos, informando o fato a uma atônita família. esforcei-me e estudei mais (tarde demais para salvar o Bach [3] do desastre) – e então a guerra eclodiu no ano seguinte, enquanto eu ainda tinha um ano para cursar na faculdade. Naqueles dias os garotos se alistavam ou eram desprezados publicamente. Era um buraco desagradável para se estar, especialmente para um jovem com imaginação demais e pouca coragem física. Sem diploma; sem dinheiro; noiva. Suportei o opróbrio e as insinuações cada vez mais diretas dos parentes, fiquei acordado até mais tarde e consegui uma Primeira Classe no Exame Final em 1915. atrelado ao exército: julho de 1915. Considerei a situação intolerável e me casei em 22 de março. Podia ser encontrado atravessando o Canal (eu ainda tenho os versos que escrevi na ocasião!) [4] para a carnificina do Somme.

Edith e Tolkien
Pensa na sua mãe! No entanto, não creio agora por um momento sequer que ela estivesse fazendo algo mais do que lhe deveria ser pedido para fazer – não que isso diminua o valor do que foi feito. Eu era um rapaz jovem, com um bacharelado regular e capaz de escrever poesia, algumas libras minguadas por ano (£20-40) [5] e sem perspectivas, um Segundo Ten. seis dias por semana na infantaria, onde as chances de sobrevivência estavam severamente contra você (como um subalterno). Ela casou comigo em 1916 e John nasceu em 1917 (concebido e carregado durante o ano da fome de 1917 e da grande campanha U-boat) por volta da batalha de Cambrai, quando o fim da guerra parecia tão distante quanto agora. Vendi, e gastei para pagar a clínica de repouso, a última de minhas poucas ações sul-africanas, "meu patrimônio".

Da escuridão da minha vida, tão frustrada, coloco diante de você a única grande coisa para se amar sobre a terra: o Sagrado Sacramento. ... Nele você encontrará romance, glória, honra, fidelidade e o verdadeiro caminho de todos os teus amores sobre a terra; e, mais do que isso, a Morte: pelo paradoxo divino, que encerra a vida e exige a renúncia de tudo, e ainda assim pelo gosto (ou antigosto) somente do qual o que você procura em seus relacionamentos terrestres (amor, fidelidade, felicidade) pode ser mantido, ou aceitar outro aspecto da realidade, da permanência eterna, que todos os corações dos homens desejam.

* – A literatura tem sido (até o romance moderno) um negócio principalmente, e nela há muito sobre o "belo e falso". Isso, em geral, é uma calúnia. As mulheres são humanas e, portanto, capazes da perfídia. Mas dentro da família humana, comparadas com os homens, elas geral ou naturalmente não são as mais pérfidas. Muito pelo contrário. exceto pelo fato de que as mulheres são capazes de sucumbir se lhes for pedido para "esperarem" por um homem por tempo demais e enquanto a juventude (tão preciosa e necessária para uma futura mãe) passa rapidamente. Na verdade, não se deveria se pedir que esperassem.

[1] – Guardião de Tolkien. O Padre Francis Morgan desaprovava seu caso de amor clandestino com Edith Bratt.
[2] – Tolkien ficou empolgado nos dias de colégio ao descobrir a existência do idioma gótico; vide a carta nº 272.
[3] – Bacharelado em Letras Clássicas, no qual Tolkien recebeu uma Segunda Classe.
[4] – A verdadeira data da travessia do Canal feita por Tolkien com o seu batalhão foi 6 de junho de 1916. O poema a que ele se refere, datado "Étaples, Pas de Calais, Junho 1916", é intitulado "A Ilha Solitária", e possui o subtítulo "Para a Inglaterra"’, embora ele também esteja relacionado com a mitologia de O Silmarillion. O poema foi publicado no Leeds University Verse 1914-1924 ["Versos da Universidade de Leeds 1914-1924"] (Leeds, na Swan Press, 1924), p. 57.
[5] – Tolkien herdou uma pequena renda de seus pais, proveniente de ações em minas sul-africanas.
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